Hoje o poeta — caminheiro errante,
Que tem saudades de um paiz melhor,
Pede uma perola — á maré montante,
Do seio ás vagas — pede um outro amor.
Alma sedenta de ideal na terra
Busca apagar aquella sêde atroz!
Pede a harmonia divinal, que encerra
Do ninho o chilro... da tormenta a voz.
E o rir da folha, o sussurrar da falla,
Threnos da estrella no amoroso estio,
Voz que dos poros o universo exhala
Do céo, da gruta, do alcantil, do rio!
Pede aos pequenos, desde o verme ao tojo,
Ao fraco, ao forte... — preces, gritos, uivos...
Pede das aguias o possante arrojo,
Para encontrar os meteoros ruivos.
Pede á mulher que seja boa e linda.
— Vestal de um typo que o ideal revela...
Pois ser formosa ó ser melhor ainda...
Se és boa — és luz... mas se és formosa — estrella...