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ESPUMAS FLUCTUANTES


Terra que deu á luz a cavatina e a dhalia,
A espádua de alabastro e o laranjal em fior;
Onde o sopro da noite em pleno céo espallia
As lavas do Vesúvio e as explosões do amor.

\′em commiofo, formosa! A sombra vae profunda.
Dos astros o cardume a trecho aclara o mar.
O tardo gondoleiro o remo n′agua afunda...
\′eneza — o cysne eterno, engolpha-se a sonhar!

Do nicho da Madona o frouxo alampadario
Dos Doges alumia o lúgubre frontal.
Silencio... Quebra a paz a voz do estradivario
1*] uma gôndola passa em aguas do canal...

Dentro: o grupo do amor! Fusão de primaveras;
Dois risos soletrando o verbo do beijar;
Ventura — que produz a inveja das espheras
E que faz de ciúme aos anjos descorar.

O crente ao pé da santa! o riso — junto á bocca,
Um anhelar sem termo! um fulgurar sem Hm!
Klla... bclla! a fazer a terra inteira louca...
Alma feita de um astro! o corpo... de um jasmim.

Ó divina Consuelo! A vaga de Adriático
Fez-te nascer, talvez, de um beijo dado ao sol;
A espuma foi teu berço, alcyone sympathico,
Tens por irmãos o cysne, o amor e o rouxinol.