Sonhas acaso, quando o sol declina,
A terra santa do Oriente immenso?
E as caravanas no deserto extenso?
E os pegureiros da palmeira á sombra?!...
Sim, fôra bello na relvosa alfombra,
Junto da fonte onde Rachel gemêra
Viver comtigo qual Jacob vivera,
Guiando escravo teu feliz rebanho...
Depois nas aguas do cheiroso banho
— Como Suzana a estremecer de frio —
Fitar-te, ó flor do babylonio rio,
Fitar-te a medo no salgueiro occulto...
Vem pois!... Comtigo no deserto inculto
Fugindo ás iras de Saul embora,
David eu fôra, — se Michol tu fôras,
Vibrando na harpa do propheta o canto..
Nào vês?... Do seio me gotteja o pranto
Qual da torrente do Cedron deserto!...
Como luctara o patriarcha incerto
Lutei, meu anjo, mas cahi vencido.
Eu sou o Lothus para o chão pendido.
Vem ser o orvalho oriental, brilhante!...
Ai! guia o passo ao viajor perdido,
Estrella vesper do pastor errante...
Bahia. 1866.