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Página:Eu (Augusto dos Anjos, 1912).djvu/100

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Mas a aguadilha pútrida o hombro inérme
Me aspergia, banhava minhas tibias,
E a ella se alliava o ardor das syrtes lybias,
Cortando o melanismo da epiderme.

Ahrimánico genio destructivo
Desconjunctava minha autónoma alma
Esbandalhando essa unidade calma,
Que fórma a coherencia do ser vivo.

E eu sahi a tremer com a lingua grossa
E a volição no cumulo do exicio,
Como quem é levado para o hospicio
Aos trambolhões, num canto de carroça!

Perante o inexoravel ceu accêso
Aggregações abióticas espúrias,
Como uma cara, recebendo injurias,
Recebiam os cuspos do desprezo.

A essa hora, nas telluricas reservas,
O reino mineral americano
Dormia, sob os pés do orgulho humano,
E a cimalha minúscula das hervas.

E não haver quem, integra, lhe entregue,
Com os ligamentos glótticos precisos,
A liberdade de vingar em risos
A angustia millenaria que o persegue!

Bolia nos obscuros labyrinthos
Da fertil terra gorda, humida e fresca,
A infima abscondita e grotesca
Da familia bastárda dos helminthos.