33
Os sanguinolentissimos chicotes
Da hemorrhagia; as nodoas mais espessas,
O achatamento ignóbil das cabeças,
Que ainda degráda os povos hottentótes;
O Amor e a Fome, a féra ultriz que o fojo
Entra, á espera que a mansa victima o entre,
— Tudo que géra no materno ventre
A causa physiologica do nojo;
As pálpebras inchadas na vigilia,
As aves moças que perderam a aza,
O fogão apagado de uma casa,
Onde morreu o chefe da familia;
O trem particular que um corpo arrasta
Sinistramente pela via-ferrea,
A crystallisação da massa térrea,
O tecido da roupa que se gasta
A agua arbitrária que hiúlcos caules grossos
Carrega e come; as negras fórmas feias
Dos arachnideos e das centopeias,
O fogo-fatuo que illumina os ossos;
As projecções flammivomas que offuscam,
Como uma pincelada rembrandtesca,
A sensação que uma coalhada fresca
Transmitte ás mãos nervosas dos que a buscam;
O antagonismo de Typhon e Osiris,
O homem grande opprimindo o homem pequeno,
A lua falsa de um paraseleno,
A mentira meteórica do arco-iris;