Atravez dos dilaceramentos da Vida, das
tortuosidades do Desejo, das inquietações do
Espirito, uma tarde — bella e magestosa tarde
foi essa! — cheia de silêncios e sombras, vi pela
primeira vez o teu perfil fascinativo, que o rhythmo
nobre de uma estranha musica de perfeições
e graça sonorisava serenamente.
Pareceu-me que desconhecida Divindade inspirava e illuminava a tua belleza, envolvendo n′um sacrário d′estrellas a tua castidade branca.
Uma auréola de exclamações cercava-te, vibrantemente, em assombros admirativos, em hymnos e alleluias acclamatorios.
Colleantes, subtis de rastros, iam as minhas impaciências, os meus frémitos, o meu anceio profundo, formando igneo terreno vulcânico, um chão de chammas, por onde tu passavas indifferentemente, alta no esplendor translúcido da belleza.
Éra, para mim, surprehendente revellação, o typo extravagante, irreal, da tua não sonhada formosura — typo de pureza e pompa brava, evocando, trazendo comsigo os segredos grandes dos Vedas.
Qualquer cousa de prodigioso fazia flammejar os teus olhos negros, negros, negros até á fadiga, até ao pezadello, até á saciedade, negros,