Página:Evocações.djvu/116

Wikisource, a biblioteca livre
114


Odalisca Fabulosa do opulento Mar-Sultão, derramando uma paz branca, morna, claridade viscosa nas vastidões em torno.

Do modo porque ena via, porque eu a estava sentindo na imaginação e na visão, a lua parecia crescer, crescer, ir avolumando cada vez mais e, á proporção (pie avoluma\a, ir adelgaçando, adelgaçando, frouxa e oleosamente, n′uma forma glutinosa e elástica de estranho Verme sulfúreo rastejando em preguiçosas, felinas ondulações e enchendo, avassallando todo o espaço com a redonda auréola luminosa e lano-ue...

E então todo o firmamento ficava invadido por essa maravilhosa face da lua, que velava completamente as estrellas.

E era só uma ampla lua que formava o espaço inteiro, era só aquella face fria, branca, que dominava de phosphorecencia toda a vastidão do horisonte.

Mas essa mesma face fria como que depois se transfigurava ainda; certos aspectos, os caracteres, as linhas, o contorno breve que lhe dá a semelhança de uma mascara de múmia, as manchas e sombras que por vezes turvam a ebúrnea candidez do seu pallejante clarão, subitamente desappareciam, se desfaziam; e ella, a lua espectral, a lua frigida, cadavérica, começava a experimentar