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anhelante deseja attingir, tocar e radiar entre a» esphéras sideraes do magestoso Espirito.

Porque mesmo não ha alma nenhuma, por mais vã, por mais humilde, por mais obscura que seja, que não aspire subir, por secretos movimentos instinctivos e intuitivos, que são as transful gentes escadas do Abstracto, ás transíiguradoras montanhas do Sonho, ao desenvolvimento melhor, á pura perfectibilidade; penetrar consolada, alheiando-se de tudo, nas transcendentalisantes auroras boreaes do Sentimento, satisfasendo assim, embora inconscientemente, a anciedade de Infinito que cada alma traz mais ou menos em si, por maior ou menor que seja a esphéra de acção onde ella gravite.

No somno como que esses phenomenos tomam vulto, começam a gyrar, a gyrar, a gyrar em iris de sensibilidade, em halos de lua, na Imaginativa do homem dormindo, cujo funda vago carregado de narcotismos e de ópios secretos e fascinantes fica como uma rara região, rara e polar, gerando flores exóticas de quintescencia. E nas volúpias e raelancholias do somno a alma paira absorta, perplexa, tacteando em brumas maravilhosas, como celeste cega de sede da Immortalidade, nos circulos convulsos das lagrimas. ..