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milagrosamente os artistas calmos e poderosos na obscuridade do meio ambiente, quando floresce e alvoresce nas suas almas a rara flor da Perfeição.

Que importam a excommunhão e os desprezos mordazes sobre a tua cabeça?! Que importam os arremessados lançaços d’aço e de ferro contra o broquél do teu peito e contra o vigor de tronco em rebentos verdes do teu flanco?! Os impios não pairam n’estas orbitas, não gyram n’estas chammejantes Esphéras, não se incendeiam e não morrem n’estes angustos e inéditos Infernos.

Segue, pois, os que seguem contrictos, sob um arco-iris celestial de esperanças vagas, a alma como uma flor exótica dos trópicos ceruleamente aberta ás mésses de ouro do sol e a bocca, no entanto, seccamente, asperamente amordaçada sem piedade pelas sêdes tenazes e amargas dos mais inquietantes desejos...

E vae sereno, como os Eleitos da Arte, extremados e apaixonados na chamma do seu Segredo, da sua excelsa Vontade — levitas extraordinarios, martyrieados nas inquisições truculentas da Carne, mas bemditos, purificados, sem culpa de peccado mundano, na recondita manifestação das Emoções e do Entendimento.

Segue resoluto, impávido, para a Arte branca e sem mancha, sem mácula, virginal e