Página:Evocações.djvu/29

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bella e ascética nos silicios da religião do Amor, amortalhada na castidade das açucenas e lyrios ..

A alma dos Estheticos, dos curiosos Emocionados, se deslumbrava em extasis de occasos ao vêr-lhe a aristocrática esveltez monjal, os grandes olhos negros e magoados, de belleza deifica, os ondeados cabellos tenebrosos e a bocca purpurejante, anhelante, lethargica, ligeiramente golpeada de um travôr enervante de volúpia dolo- rosa...

Os seios deliciosos e tépidos, origem branca e bella da graça e do desejo, eram duas raras rosas intemeratas, cujo aroma exquisito e vivo meigamente deixava um fino encanto e uma suave fascinação no ar...

Virgem ainda, com todo o impolluto verdôr do seu corpo mysterioso, fechada nos recatos ingénitos do pudor, a Morte, afinal, veio entoar o Canto Nupcial de Seraphica, o seu Epithalamio...

E ella, no thálamo da Morte, nessa mystica melancolia de outr'ora, que a velava, e n'aquelle esmaiado pallôr, lembrava, aos entendimentos delicados, aos solemnes e reclusos prophétas da Grande Arte, ter emmudecido glacialmente para sempre, sem os impundonorósos, profanadôres contactos, de uma exótica e asiática doença...