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todos os ferros de algemas das tormentosas masmorras do meu Sonho, n′um grande grito, afinal, por tanto e tão longo tempo angustiadamente suffocado, accordei de repente, esvaindo-se então a Sombra, de um sopro, retomando as lethificas, glaciaes estradas do Além, de onde por instantes surgira...

Apenas, o meu cérebro, atordoado ainda, adormentado, abatido, ficara, como d′entre restos de fumo denso, de vapores espessos do fogo de sanguinolenta batalha, turbado pela pesada bruma lethargica do pezadello que o invadira, subjectivamente clamando este monologo amargo:

— Ah! Sim! Sim! Que estranho pavor! Que estranho pavor têr-te bem junto a mim, n′um contacto álgido — Tu! — que eu na Grande Hora da Vida amei já, lá para o passado dos annos! Tu, a quem eu consagrei Evangelhos de Adoração, altas venerações, sentimentos excelsos, solemnes como elevadas torres de crystal tocando sideralmente as Estrellas...

Tu! que produziste a dolente, a magoada Obra de sangue da minha existência e a quem eu dediquei alma, affectos, ternuras, suavidades do coração, symphonias beethovinicas do Amor, Tu! — misericordiosa! — Tu! — clemente para mim como nem os Céus o são!, Tu! — dá-me o

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