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Arte, da grande Arte que é só, solitária, desacompanhada das turbas que chasquêam, da matéria humana doente que convulsiona dentro das estreitezas asphixiantes do seu torvo caracol.

Até mesmo, certos livros, por mais exóticos, attrahentes, abstrusos, que sejam, por mais acclamados pela trompa do momento, nada podem influir, nenhuma alteração podem trazer ao sentimento geral de idéas que se constituíram systhema e que affirmam, de modo radical, mas simples, natural, por mais exagerado que se supponha, a calma justa das convicções integraes, absolutas, dos que seguem impavidamente a sua linha, dos que trazendo comsigo imaginativo espirito de Concepção, caminham sempre com tenacidade, serenamente, imperturbáveis aos apupos inoííensivos, sem tonturas de fascinação ephemera, sentindo e conhecendo tudo, com os olhos claros levantados e sonhadores cheios de uma radiante ironia mais feita de clemência, de bondade, do que de ódio.

O Artista é que fica muitas vezes sob o signo fatal ou sob a auréola funesta do ódio, quando no entanto o seu coração vem transbordando de Piedade, vem soluçando de ternura, de compaixão, de misericórdia, quando elle só parece máo porque tem cóleras soberbas,