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saude, a effervescencia, o triumpho, a abundancia, o deslumbramento... Ella não era mais ella mesma; não estancava os assumptos férvidos, que se lhe desencolhiam na imaginação, nem as energias da mocidade que se lhe deslisavum festivas: “Gloria em mim!” dizia resoante, como se em as veias lhe pulsassem corações innumeraveis de crystal...

Era preciso sair, ter sobre a alegria desordenada, sobre o corpo em eclosões de riso, o azul, a radiosidade, a caricia envolvente do espaço; Ladice vestiu-se e dirigiu-se para a casa de sua mãe, em busca de Dinah.

Na rua, com os olhos semi-cerrados, sorria a belleza liquida, estimulante, das montanhas, do arvoredo, das pupiltas curiosas dos homens que passavam...

— Ha muito tempo que te não vejo assim rosada, sã — observou-lhe a Senhora de Sant´Hilario, admirando-lhe o vestido.

— Effeitos de um tratamento bem dirigido, — E a sua boca se abria em um gargalhar largo, sonoroso. — Vim atrás de Dinah... Logo mais jantarei contigo — ajuntou ella levantando-se, encaminhando-se para o quarto de sua prima.

— Ah! que rosas esplendidas! — exclamou, detendo-se. — You tirar algumas — e, pregando-as no corpete — assemelham-se a chagas de bem-aventurados... Naturalmente hão de destillar milagres, consolos, curas extraordinarias...

— Ainda não perdeste essas phantasias...— retorquiu a Baroneza.