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VII CAPITULO

Theophilo Fernão de Almeida, o poeta festejado, se acha no Rio, ha mais de tres mezes.

A senhora de Assis, apesar de frequentar as reuniões elegantes, os theatros, os restaurantes de fama, ainda o não vira...

Julho chegára; mez do inverno do nosso equador, sem frio, sem neve, sem gelo; mez de dias exuberantes, de manhãs brancas, de tardes fugazes, em que a natureza na prisão de um symbolo se rasga, se abre maravilhosa e pura, em apogêos de lirios, de efflorescencias raras... mez da luz, do verdor da mocidade, da belleza; mez de frenesis, de vertigens, de brisas cantantes; mez em que a terra toda sorri em effusões de alegria, em que as flôres, os arbustos, as trepadeiras se cobrem de symphonias de beijos, de suspiros, de ternuras; em que as phalenas voluveis e loucas esvonaçam, adejam, estonteadas, do asphodelo ao malmequer, do açafrão á giesta espinhosa; mez em que as laranjeiras frondentes se curvam ao peso de frutos côr do sol, em que sazonam os abios redondos, turgidos, mez em que as ervilhas verdes, as favas arquendas, as cenouras fusiformes, os legumes cheirosos nos dão vontade de beber a festividade