entretanto, de apanhar a seguinte observação de Jorge:
— Qual! Ha mais ruido que verdade... Essa gente da imprensa exaggera, duplica, deturpa... E´ um ruflar de tambor que sobe até ao céo...— segredava Jorge mal humorado a João d´Almada, talvez adivinhando instinctivamente no Poeta, um rival temeroso.
— Trata-se, na realidade, de um talento genuino, saiba você — respondeu este, seco.
Ao despedirem-se, Francisco insistiu vivamente para que Theophilo lhe frequentasse os salões:
— Ser-nos-á altamente honroso a presença em nossa casa do poeta eminente.
Theophilo prometteu-lhe apparecer mui breve, antes da semana se findar.
Ladice sem luvas, apertou-lhe a mão um pouco fortemente, um pouco demoradamente... Seus olhos tinham a luminosidade dos amôres extremos que decompõem, desorganizam...
As rosas mortas que Theophilo levava, e que iriam repoisar em herbarios, estavam cheias della, do seu calor, das suas pulsações; evocar-lhe-iam a sua belleza poetica, a graça requintada de sua cabeça que um sopro grego animava, os traços de lírio de suas mãos brancas.
Meu Deus, quanta mudança, quantas alternações lhe invadiam o ser!
Sobre o seu coração passavam sons duplos e graves, o triumpho, a vitalidade incisiva de Wagner, os frenesis diabolicos, hystericos de Sehumann...
A. B.—10