Depois de um pequeno silencio, Armando lançou a seguinte phrase, a guisa de tentativa.
— Eu, por exemplo, não lhe creio no amôr...
Ladice sorriu, percebeu-lhe o intento, quiz responder-lhe que o amôr na mulher é a sua mais alta violencia; mas, preferiu deixal-o em a duvida, dizendo-lhe:
— Esse sentimento ainda lhe vem obedecer aos caprichos de sua natureza oscillante...
Armando Sueiro sentiu-se desconcertado. Esperava uma replica negativa, algum louvor exaggerado á fidelidade feminina, alguma defesa brilhante contra essa pecha que jogam á mulher. Pasmava da sinceridade com que ella lhe acudia ás perguntas, pois era esse o seu proprio juizo sobre o sexo fragil... Era a primeira veg que ouvia de boca feminina tal verdade. A sua curiosidade o incitava a saber mais, ainda mais... °
— Diga-me, D. Ladice, que é que a mulher mais admira em o homem?
Apés haver pensado um instante, respondeu-lhe:
— O que a mulher mais admira em o homem é o seu lado nebuloso, metaphysico... O Senhor não póde imaginar a influencia, a magia que exerce em seu espirito... A mulher tem o delirio do desconhecido — accreseentou ella, saboreando as torturas que se passavam em o coração de Armando, conscio de ser totalmente desprovido da qualidade attractiva acima referida. Elle trazia a alma em a superficie, em os olbos, em a expressão dos traços, em o movimento de