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— Obrigada, fallou como um homem do mundo — replicou Ladice.

— Estou tão convencide do que externei, que seria incapaz de condemnar uma mulher — concluiu Jorge, satisfeito, retirando-se.

— Até que afinal soube ser gentil... Ambos attingiram o mesmo fim por vias diversas. Os meus agradecimentos.— E Ladice ligeiramente curvou o joelho.

— Não fosse a sua inconstancia, que nos inspira temor, e... seria ella perfeita — disse Armando.

— E’ a sua força, o seu imperio perante o homem essa eclosão continua de novidades, de mudanças, de estimulos, originados por uma necessidade instinctivea de se renovar, de conhecer, de abranger todas as sousas, de cingir o mundo, a sciencia com o espirito, as ideias, de se livrar emfim da ausencia de emocão, que é a morte de sua vida espiritual.— Ladice exultava do que dizia.

— A presença de uma mulher evoca sempre o amor, a tragedia. Essa sua fadiga de emoção, o seu alvoroço por uma sensação ainda não sentida, a pressa de abandonar o amante que, ainda ha pouco, acariciava, são verdadeiras torturas para nós...— Armando felava pausadamente, pesando cada palavra, embora a sua attenção se voltasse para a Senhora de Assis, afim de lhe surprehender qualquer manifestação pessoal.

— A mulher é muito subjectiva, Sr. Armando. Queira perdoar-lhe, portanto, as rupturas que produz em o coração bem formado dos homens...