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constante em a consciencia: casar Ladice já, antes dos vinte annos, proporcionar-lhe ensejo para arranjar um noivo. Ella se affligia por consumar esse acto, por seguir a maxima da época, do habito, dos seus avós, a sua propria; o que se havia dado comsigo, emfim.

“Oh! mães pueris, de entendimento fragil, passais sobre o problema mais serio, mais decisivo da vida da mulher com a leviandade, com a cegueira, a indifferença da ignorancia. Detende-vos, por instantes, em 2 sua importancia, em a sua razão, em o seu fundamento; sondai-lhe o conceito, estroncai-o com energia viril, rasgai-o audaciosas, completamente, pesai-o com o raciocinio, o acumen, a inteligencia, o coração; só assim, então, conseguireis impedir, arredar, destruir, a intolerancia, as desgraças vindouras o nascentes, que pouco a pouco, se ajuntam, crescem, se agigantam, se approximam, para, mais tarde, arrebentar sobre a eabega de vossas filhas, terriveis, furiosas, eversivas, bramantes...”

Passados alguns dias, Ladice annotava no seu “Diario” os incidentes, as impressões, que trouxera de seu primeiro baile, de sua communhão com pessoas estranhas:

“11 de maio:

Dansei: tive a cintura enlaçada por braços, que não eram os de Theophilo... Mostrei o meu lindo pescoço nú a olhares profanos, a orbitas torturadas...

Meu Deus, por que nas pupilas paradas dos homens baila, fuzila, uma ironia, uma aneia, uma interrogação, uma pausa diabolica?