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— Mas, dize-me que mal é esse? — inquiria-lhe sua prima, receiosa, pensando que se tratava ainda de Theophilo.

— E´ elle, Dinah; as palavras de mamãe agiram em mim; a sua colera augmentou a saudade de meu amor... Ah! que solidão d'alma...— e Ladice soluçava...

—— Mas é preciso arrancares esse nome de teu sêr; é um crime, uma villania, que a Igreja não perdôa... Por piedade, esquece-o —implorava-lhe Dinah, ignorando totalmente a força dos sentimentos humanos, a sua vezania, o seu determinismo.

Depois de algum silencio, em attenção á sua innocencia, á sua candidez, á sua religião extrema, Ladice respondeu-lhe:

— Prometto nunca mais pensar nelle; tens razão, eile me não pertence. — Em falando de Theophilo para Dinah, ella nunca o chamava pelo nome.

Semanas, mezes se passavam, succediam-se...

Os pais da senhorinha de Santo Hilario continuavam no firme proposito de casarem-n´a com o dr. Assis.

Cada vez que o advogado os visitava, a sra. de Santo Hilario, mansa, agradavel, risonha, se dirigia á filha com phrases, que eram ordens veladas:

— Teu casamento agora depende de uma simples formalidade. Já o estimo como a um filho. Não poderias recusal-o... De resto, é a desejo de teu pai, e meu...

Ladice, pois, laborava em a sua propria infelicidade, qual cumplice consciente; fria, impassivel, cal-