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imitando os “diphroi” gregos; atrás da senhorinha de “Santo Hilario, uma columna dorica, austera e viril, sustentava um vaso, de onde fuchsias se debruçavam, curvavam-se, despejavam-se, extendiam-se como si estivessem ainda lassas, exangues, atordoadas pela laseivia do vento que passou...

Os cabellos de Ladice ondulavam, fremiam, tinham pulsações de arteria, de narinas, de volupias quasi a florir...

O seu pescoço ora se inclinava á feição de reverencia luminosa, divina, de archanjo; ora teso, firme, impeccavel, lembrava um marco de marfim, a dizer ao viandante, ao tempo, á solidão que o circumda: “ Toma-me, destróe-me, desfaze-me. Sou a tua fome...”

— Acceita meus parabens... Apesar de não ser elle, irresistivel... — disse-lhe Ruth, segnrando-lhe as mãos. — O teu noivo deveria ser apollineo; ou então, ter uma cara castigada por excessos de poesia, minha querida...

— Elle é apenas sympathico, e nada mais — retorquiu, triste, a senhorinha de Santo Hilario.

— E tambem muito bom — accrescentou Dinah.

— Bondade, em nosso tempo, é appendice de pouco valor. À lei nos protege, coage o mal — proferiu Ladice, sacudindo os hombros.

— O que voga é a distincção; sobretudo, a belleza. Vejo um perfil lindo, e não estou mais em mim — exclamou, rindo-se muito, a senhorinha d'Alba,

— Que futilidade, Ruth! Que peso a gente sentir jungida a si, durante annos, uma fórma ôca, cheia de