— Tiveste noticias de Theophilo?
— Está em villegiatura na Italia, em peregrinação intellectual.
— E elle é feliz?
— Tanto quanto serás, uma vez casada, por suggestão, por ordem alheia...
— Não sabes quando voltará?
— Nunca antes de tres annos...
— Tanto assim?
— Pudesse eu, e retel-o-ia eternamente lá na Europa.
— Mas, por que?
— Para o teu bem...
— Que tolice, João; olvidal-o-ei logo que me case...
Ladice falava machinalmente; as palavras lhe saiam apenas com som e inflexão. Theophilo jazia-lhe no intimo, envenenava-lhe o espirito, as sensações.
— E´ uma obrigação de tua consciencia... Varre-o de teu coração, Em todo o caso — continuou João — não assistirei o teu casamento; não quero ser testemunha de teu sacrificio, e, talvez, quem sabe? de tua ruina. Se não fôra Theophilo, amarias a um outro. Lastimo que principies a vida de mulher com um infortunio não calcado, com um ardor peccaminoso, capaz de abranger os teus dias vindouros. Mas esquece-o, filha, para tua felicidade. Pensa sómente no homem que deverá ser teu marido. —E João deu-lhe na fronte um beijo casto e puro.
Urgia á Ladice saber do primo o que o seu sêr inteiro reclamava, implorava, rogava. — O juizo de