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Página:Fabulas (9ª edição).pdf/128

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Pau de Dois Bicos

Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele.

— Miseravel bicho! Pois atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a familia dos ratos?

— Achas então que sou rato? respondeu o intruso. Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? E’ boa!...

A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.

Dias depois o finorio morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de colera.

— Miseravel bicho! Pois tens o topete de invadir minha toca, sabendo que detesto as aves?

— E quem te disse que sou ave? retruca o cinico. Sou muito bom bicho de pêlo, como tu, não vês?

— Mas vôas!...

— Vôo de mentira, por fingimento...

— Mas tem asas!

— Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pêlo,

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