A Gralha Enfeitada com Penas
de Pavão
Como os pavões andassem em época de muda, uma
gralha teve a ideia de aproveitar as penas caidas.
— Enfeito-me com estas penas e viro pavão!
Disse e fez. Ornamentou-se com as lindas penas de olhos azues e saiu pavoneando por ali afóra, rumo ao terreiro das gralhas, na certeza de produzir um maravilhoso efeito.
Mas o trunfo lhe saiu ás avessas. As gralhas perceberam o embuste, riram-se dela e enxotaram-na á força de bicadas.
Corrida assim dali, dirigiu-se ao terreiro dos pavões pensando lá consigo:
— Fui tola. Desde que tenho penas de pavão, pavão sou e só entre pavões poderei viver.
Mau calculo. No terreiro dos pavões coisa igual lhe aconteceu. Os pavões de verdade reconheceram o pavão de mentira e tambem a correram de lá sem dó.
E a pobre tola, bicada e esfolada, ficou sozinha no mundo. Deixou de ser gralha e não chegou a ser pavão, conseguindo apenas o odio de umas e o desprezo de outros.
— Esta fabula é bem boazinha, disse dona Benta. Quem pretende ser o que não é, acaba mal. O coronel Teodorico vendeu a fazenda, ficou milionario e pensou que era um homem da alta so-