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Página:Fabulas (9ª edição).pdf/153

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Os outros concordaram e a onça retirou a sua parte.

— Este segundo tambem me cabe porque me chamo onça.

Os socios entreolharam-se.

— E este terceiro ainda me pertence de direito, visto como sou mais forte do que todos vós.

A irára interveio.

— Muito bem. Ficas com tres pedaços, concordamos (que remedio!); mas o quarto tem que ser dividido entre nós.

— Ás ordens! exclamou a onça. Aqui está o quarto pedaço ás ordens de quem tiver a coragem de agarra-lo.

E arreganhando os dentes assentou as patas em cima.

Os tres companheiros só tinham uma coisa a fazer: meter a cauda entre as pernas. Assim fizeram e sumiram-se, jurando nunca mais entrarem em Liga das Nações com onça dentro.


— Chega de fabulas, vóvó! disse Pedrinho. Já estamos empanturrados. A senhora precisa nos dar tempo de digerir tanta sabedoria popular. Estou com a cabeça cheia de “moralidades”.

Dona Benta concordou. Tudo tem conta, e a maior sabedoria da vida é usar e não abusar. Mas, querer o saber se tinham aproveitado a lição, disse:

— Muito bem. Vamos agora ver se não perdi meu tempo. Que é que você conclue de tudo isto, Pedrinho?

— Concluo, vóvó, que as fabulas, mesmo quando não valem grande coisa, têm sempre um merito: são curtinhas...

— Muito bem. E você, minha filha?

— Para mim, vóvó, as fabulas são sabidissimas. No momento a gente só presta atenção á fala dos animais, mas a moralidde nos fica na memoria e de vez em quando, sem querer, a gente aplica “el cuento”, como a senhora diz.

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