Burrice
Caminhavam dois burros, um com carga de açucar,
outro com carga de esponjas.
Dizia o primeiro:
— Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro redarguiu:
— Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
— Nem sempre é assim. Onde passa um pode não passar outro.
— Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciencia toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
— Nem sempre é assim, nem sempre é assim... continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caira na vespera.
— E agora?
— Agora é passar a vau.
O burro do açucar meteu-se na correnteza e, como a carga se ia dissolvendo ao contacto da agua, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.
O burro da esponja, fiel ás suas ideias, pensou consigo:
— Se ele passou, passarei tambem — e lançou-se ao rio.
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