A Morte e o Lenhador
Um velhinho, muito velho, vivia de tirar lenha na mata. Os feixes, porém, cada vez lhe pareciam mais pesados. Tropicava com eles, quasi caía, e um dia, caíndo de verdade, perdeu a paciencia e lamentou-se amargamente:
— Antes morrer! De que me vale a vida, se nem com este miseravel feixe posso? Vem, ó Morte, vem aliviar-me do peso desta vida inutil.
Tentou erguer a lenha. Não pôde e, desanimado, invocou pela segunda vez a Magra.
— Por que demoras tanto, Morte? Vem, já pedi, vem aliviar-me do fardo da vida. Andas pelo mundo a colher criancinhas e esqueces de mim que te chamo...
A Morte foi e apareceu — horrenda, escaveirada, com os ossos a chocalharem e a foice na mão.
50—