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Página:Fabulas (9ª edição).pdf/56

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O Perú Medroso

Gordo perú e lindo galo costumavam empoleirar-se na mesma arvore. A raposa os avistou certo dia e veio vindo contente, a lamber os beiços como quem diz: “Temos petisco hoje!”

Chegou. Ao avista-la o perú leva tamanho susto que por um triz não cai da arvore. Já o galo o que fez foi rir-se; e como sabia que trepar á arvore a raposa não trepava, fechou os olhos e adormeceu.

O perú, coitado, medroso como era, tremia como varas verdes e não tirava do inimigo os olhos.

— O galo não apanho, mas este perú cai-me no papo já... pensou consigo a raposa.

E começou a fazer caretas medonhas, a dar pinotes, a roncar, a trincar os dentes, dando a impressão duma raposa louca. Pobre perú! Cada vez mais apavorado, não perdia de vista um só daqueles movimentos. Por fim tonteou, caíu do galho e veio ter aos dentes da raposa faminta.

— Estupido, animal! exclamou o galo acordando. Morreu por excesso de cautelas. Tanta atenção prestou aos arreganhos da raposa, tanto atendeu aos perigos, que lá se foi, catrapús...


A prudencia manda não atentar demais nos perigos



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