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Página:Fabulas (9ª edição).pdf/76

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A Mosca e a Formiguinha

— Sou fidalga! dizia a mosca á formiguinha que passava carregando uma folha de roseira. Não trabalho, pouso em todas as mesas, lambisco de todos os manjares, passeio sobre o colo das donzelas — e até me sento no nariz. Que vidão regalado o meu!...

A formiguinha arriou a carga, enxugou a testa e disse:

— Apesar de tudo, não invejo a sorte das moscas. São mal vistas. Ninguem as estima. Toda gente as enxota com asco. E o peor é que têm um berço degradante: nascem nas esterqueiras.

— Ora, ora! exclamou a mosca. Viva eu quente e ria-se a gente.

— E além de imundas são cinicas, continuou a formiga. Não passam dumas parasitas — e parasita é sinonimo de ladrão. Já a mim todos me respeitam. Sou rica pelo meu trabalho, tenho casa propria onde nada me falta durante o rigor do mau tempo. E você? Você, basta que fechem a porta da cosinha e já está sem o que

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