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Farias Brito
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cado de volumes, revistas e jornais. O que porém pretendíamos supunha, exigia outros meios. Desejávamos traçar, esboçar ao menos, uma biografia completa e honesta (sublinhamos o qualificativo) do homem que viveu as suas idéias e fez da Verdade a regra das suas ações. Daí a necessidade imperiosa de ir aos logares em que êle exercera a sua atividade, desde o Ceará, onde nasceu, até o Pará, onde compôs alguns dos volumes porventura mais representativos da sua vasta obra de pensador independente.

Partimos portanto, dispostos a ver e ouvir. E tivemos de certo modo o prêmio dêste esforço. A beleza da longínqua Ibiapaba não mais se apagará da nossa lembrança. Estivemos na casa em que nasceu Farias Brito, no próprio quarto em que èle abriu os olhos à luz, àquela Luz que tem especial relevo nas suas páginas de filósofo-poeta. Entramos na igreja em que foi batizado. Conversamos parentes e amigos que lá o conheceram. Recolhemos depoimentos pessoais preciosos, e que já daqui a pouco não se lograria mais obter. A vida humana é tão breve! A memória dos contemporâneos tão precária! Cartas que se rasgam, papéis que se atiram, sem pensar, ao fogo devorador. Farias Brito morreu apenas há vinte e dois anos e já se realizaram várias destas hipóteses. Nós mesmos o soubemos, no Ceará e alhures. Ainda não se compreende bem no Brasil o valor do manuscrito.