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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/33

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S. BERNARDO
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— Optimo! Arranjava-se com os tabelliães e mettia-me no bolso. Mas eu não vou nisso. Derruba-se a cerca.

Contei rapidamente os caboclos que iam com elle, contei os meus e asseverei que a cerca não se derrubava. Explicações, com bons modos, sim; gritos não.

E abrandei, meio arrependido, porque não me convinha uma briga com Mendonça, homem reimoso. O que eu não queria era baixar a crista logo no primeiro encontro.

Casimiro Lopes deu um passo; toquei-lhe no hombro e elle recuou. Mendonça comprehendeu a situação, passou a tratar-me com amabilidade excessiva. Paguei na mesma moeda, e como elle precisasse duns cedros que havia perto de Bom Successo, offereci-lhe os cedros. Recusou, propoz trocal-os por novilhas zebus. Declarei que não tencionava criar gado indiano, falei com enthusiasmo sobre o Limosino e o Schwitz. Mendonça desdenhava as raças finas, que comem demais e não aguentam o carrapato: engordava garrotes para açougue.

Insisti no offerecimento da madeira, e elle estremeceu. A nossa conversa era secca, em voz rapida, com sorrisos frios. Os caboclos estavam desconfiados. E u tinha o coração aos baques e avaliava as consequencias daquella falsidade toda. Mendonça coçava a barba.