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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/55

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S. Bernardo
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e menos manha. Até certo ponto parecia-me que as habilidades delle mereciam desprezo. Mas eram uteis ― e havia entre nós muita consideração.

— Acompanhámos o nosso Padilha, disse Nogueira. Viemos andando. Como o passeio era agradavel, com a fresca da tarde, cheguei cá, para consultal-o.

Convidei-o silenciosamente olhando uma janella por onde se viam, sobre livros de escripturação, as suissas brancas e os oculos de seu Ribeiro. Entrámos no escriptorio. Estavamos em principio de mez. Abri o cofre e entreguei ao advogado duas pelegas de duzentos. Seu Ribeiro tremeu no borrador um lançamento circumstanciado e afastou-se discretamente. João Nogueira sentou-se, passou o recibo, tirou papeis da pasta e explicou-me o estado de varios processos. Logo no primeiro convenci-me de que os quatrocentos mil reis tinham sido gastos com proveito. Os outros tambem iam em bom caminho. O tabellião é que não inspirava confiança. E o official de justiça. Arame.

— Claro. Faça promessas, dr. Nogueira. Não adiante um vintem. Prometta. O pagamento no fim, se elles forem honestos.

Inteirei-me de particularidades pouco interessantes, dei umas instrucções a seu Ribeiro e voltámos ao alpendre, onde Luiz Padilha tinha recomeçado com Azevedo Gondim os elogios ás pernas.