— De quem são as pernas?
— Da Magdalena, respondeu Gondim.
— Quem?
— Uma professora. Não conhece? Bonita.
— Educada, atalhou João Nogueira
— Bonita, disse outra vez Gondim. Uma lourinha, ahi duns trinta annos.
— Quantos? perguntou João Nogueira.
— Uns trinta, pouco mais ou menos.
— Vinte, se tanto.
— É porque você não viu de perto, interrompeu Gondim. Se tivesse visto, não sustentava semelhante barbaridade.
— Como não? Vi muito de perto, em casa do Magalhães, no anniversario da Marcella. Tem vinte.
— É porque você viu á noite. De manhã é differente. Tem trinta.
Padilha, observando com tristeza as novilhas que pastavam no capim gordura, á margem do riacho, e o açude, onde patos nadavam, suspirou e propoz vinte e cinco:
— É o que ella tem. Vinte e cinco.
Estirei os braços, fatigado de haver passado o dia inteiro ao sol, brigando com os trabalhadores:
— Muito bem, Padilha, vinte e cinco para acabar. Vocês jantam, não jantam? Voltam no automovel. Preciso falar com você, Padilha.