Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/274

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nas outras seguiremos o uso ou a analogia euphonica da lingua, e o systema de derivação de radicaes aportuguezados, ou dos dialectos por cujo intermedio se converteo o latim em lingua roman, em castelhano, italiano, etc. Por exemplo, pai, mãi, cor, differem notavelmente de pater, mater, color, ao mesmo passo que paterno, materno, paternidade, maternidade, patria, são derivados correctamente dos radicaes latinos, com a desinencia mudada segundo hum systema uniforme. De côr derivámos corar, corado, furtacor, descorado, etc., e do radical color temos colorir. Mudámos o i latino em e, em peixe (piscis), entrar (intrare), sem (sine), temer, temor (timor), se (si) ; mas temos ao mesmo passo piscatorio, timido, timidez, intrancia, introito, introducção, etc. Em quanto a letras consoantes, são igualmente numerosos os exemplos ; v. g. ç, por t em acção (actio) ; z ou s, por x, em audaz (audax), voz (vox) ; b por p, em abrir, cobrir (aperire, operire). Transpomos ter de inter em entre, entreter, etc ; mas conservamos inter em interpôr, interpolar, interdicto, etc ; como de super convertido em sobre derivamos superior, soberano, superposição, etc, e a par d’estes, temos sobrestar, sobrepôr, sobrepelliz, sobranceiro, etc.

D’estas observações deduzo eu, que se deve seguir a derivação da lingua de que são tirados termos (antiga ou moderna), quanto o permittir alteração que elles soffrêrão quando forão aportuguezados ; v. g. varanda, whist. He necessario porém determinar se derivão de radical latino ou grego com