Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/39

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Outro sestro que se lhe notava era dar à ilharga, em andando, certa descaída como o soldado que traz espada à cinta e furta levemente o quadril para não embaraçar a marcha. Bem diverso era o instrumento de que vinha ele armado: sobraçava um bastão chanfrado de jacarandá com a medida portuguesa de vara e côvado, e trazia às costas uma burjaca de couro de Moscóvia cheia de fazendas e miudezas, objetos estes de que não se pudera antes desvencilhar com receio de perdê-los; mas naquele momento vingou-se com usura.

— Arre! Não está longe o dia em que te hei de meter no fogo! exclamou atirando a vara ao chão e dando-lhe por cima um pontapé; e o saco foi pelo mesmo caminho e teor.

Vestia o rapaz, ao uso do tempo e de sua condição, jaleco, véstia e calçiles de belbute da mesma cor parda, com meias cruas apertadas abaixo do joelho e sapatos grossos de couro acamurçado, com fivela de estanho. Pelo trajo via-se que era filho da gente do meio, como se designava então a classe que nem era a nobre, nem a mecânica; mas. ficava entre ambas, e se compunha daqueles a quem o ofício ou arte liberal privilegiava com certa isenção. Deste número eram os mercadores de tenda aberta.

Quem, pois, visse passar pelas ruas do Recife naquele