— Um ninho! disse Nuno olhando pelo interstício das telhas.
— Aonde? perguntou a menina já picada pela curiosidade.
— Aqui. É o da carriça!
— Tem ovos?
— Dois!
— Ah!...
— Quer?
— Não!
Esse não, disseram-no vivamente os lábios de Marta, mas os olhos a desmenti-los estavam morrendo de desejos de ter o ninho com os ovos dentro. Já este passara do vão da telha para a mão do rapaz que o mostrava:
— Olhe!
— Que bonito! exclamou a menina com o prazer supremo da criança, que se atira para o brinquedo e parece meter-se por ele para melhor o possuir. É talvez por essa veemência do gozo infantil, que os meninos quebram logo as tetéias de que mais gostam.
— Tome! disse Nuno fazendo menção de levar-lhe o ninho.
— Não, não! respondeu Marta com espanto, querendo fugir da janela.
— Então levo para Isabel.
— Pois sim!