Para rebater o alvitre do Rebelo, desfiou o Magalhães uma longa perlenga, cheia dos costumados borborigmos, e arrebicada de uns revirados de olhos com que ele pretendia dar à feição insulsa umas borradelas de ironia. Ao cabo, passada toda essa loqüela por um cantil, não ficava senão o bagaço do que havia dito o Simão Ribas.
Assim o venerando almotacé aplaudiu; o Viana remexeu os ombros, o que nele era sinal de grande comoção, e o Costa Araújo fez com a cabeça um gesto gongórico de aprovação.
Aqui terminou a junta, com o maior desprazer do Miguel Correia que foi obrigado a embuchar a perlenga, e do Campelo que não sofria lhe disputassem a glória de incensar o governador, cujo panegírico já tinha escrito, bem longe de pensar que teria de cantar-lhe a palinódia.
Vital Rebelo fora-se, e com ele a maior parte dos que tinham acudido ao convite. Nada se resolvera, mas era esse precisamente, e não outro, o fim da junta que se fizera para acalentar as impaciências de alguns sôfregos e exagerados. Falara o almotacé que todos sabiam da privança de D. Sebastião; e os mais exigentes voltavam satisfeitos.
Reduzida a roda aos íntimos, tornou-se geral a palestra, travando-se os colóquios a trecho.
— Eu cá, disse o Campelo, do governador não