vinha sua designação, a que eles correspondiam à risca desfiando as longas horas do dia naquela galeria ou nos repartimentos baixos, sem ocupar-se em cousa, senão útil, ao menos séria.
O tempo que lhes deixava de folga o plantão da sala, despendiam-no em medir com o compasso das pernas os soalhos alcatifados, recontando pela centésima vez umas anedotas palacianas que já tinham mofo, mas em que eles achavam sempre um chiste particular que provinha de forte sabor cortesão.
A não ser que chegassem novas do reino, o único assunto da prática desses plastrões era D. Sebastião de Castro. - "O homem acordou." - "Está almoçando." - "Vai aos fortes". - "Ainda não jantou." - "Sai a passeio." - "Entrou para o gabinete." Tais eram os graves acontecimentos que preocupavam exclusivamente esses indivíduos, muitos dos quais tinham família.
Se acontecia que D. Sebastião espirrasse, esse fenômeno tornava-se o tema da palestra por muitos dias. "Estará enfermo o homem, cuja saúde robusta não conhece achaques?" - dizia um. - "Quem sabe se esse intempestivo defluxo não trará alguma perturbação grave no regime do palácio?" exclamava outro. - "A reuma é traiçoeira, e não seria mau chamar-se logo o físico em tempo", opinava terceiro. - "Os grandes desastres nascem