D. Leonor! acudiu Vital, percebendo a hesitação da moça.
— Não vos queria afligir; porém melhor é saberdes logo, pois não tenho esperança de falar-vos outra vez.
— Assim é este o momento de nossa eterna despedida, senhora? tornou Rebelo com um termo grave e triste.
— Ah! se soubésseis!...
— Sei tudo.
— Sabeis que mandaram a Roma para dissolver o nosso desposório e que esperam receber o breve pela primeira embarcação do reino?
— Sabia-o, sim, D. Leonor, respondeu o cavalheiro com a mesma grave placidez. O que não sabia, e preciso ouvir de vossa boca, é se destes a isso vosso consentimento.
— Eu?... balbuciou a dama.
— Falai sem receio. De mim não tendes que temer maldições, nem ameaças. Vosso querer é a minha lei; eu, que zombo das fanfarronadas de vossos parentes e da bula que mandaram comprar a Roma, obedecerei submisso a uma palavra proferida por vós, contanto que essa palavra seja a voz d'alma; porque, se me eu curvo ante vosso desejo, não terei, ficai certa, a mesma docilidade com as vontades alheias que abusam de sua posição para insinuarem-se em vosso ânimo tímido e ingênuo.