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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/195

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De volta a Olinda, o Nuno se propôs demonstrar a D. Severa que nesses tempos rústicos aquela cavalaria andante tornava-se muito arriscada, porquanto podia sair-lhes ao encontro um terço de gente armada, que sem nenhum respeito às regras da nobre arte da esgrima, os iria monteando a tiro de arcabuz; e a prova ai estava no risco por que passaram de serem filados pela guarda do governador, que acudira em auxílio do ajudante.

O melhor alvitre era armar D. Severa uma companhia de que ela seria o capitão, e ele Nuno o alferes, e com a qual além de muitas outras proezas poderiam uma tarde prender o Sebastião de Castro, numa volta do passeio, como fizera outrora o tio da dama, o André do Rego Barros, com o Mendonça Furtado.

Achou D. Severa excelente a lembrança. do moço escudeiro, e abrindo os cordões da bolsa, tirou do mealheiro reservado para o enxoval do casamento três das doze moedas que lá dormiam desde trinta anos e entregou-as ao Nuno para a leva da companhia. Com esse dinheiro assoldara o escudeiro os dez cabras, comprara em um armeiro aquela velha ferragem, e tratara um algibebe de Olinda para enroupar a sua gente.

Enquanto o Nuno andava atarefado com os aprestos da companhia, D. Severa, debruçada à janela, assistia à faina, deleitando-se já com a idéia de comandar ela