tendes; ponde um termo a este resto de existência que ainda me sobra de tamanho sofrer.
Vital permaneceu calmo, apesar de abalado profundamente no íntimo:
— Dizeis que vos destes a mim, senhora; e eu vejo que não vos podeis dar a ninguém, pois para isso era preciso que vos pertencêsseis; o que não acontece. Nada mais sois do que o corpo que anima a alma de vossa mãe, ou antes a alma que lhe empresta vosso tio, André de Figueiredo, que ela não a tem e menos de mãe.
— Senhor Vital! disse Leonor ressentida.
— Não quereis e não podeis ser jamais de outro...
— Eu vos juro!
— Também me jurastes a mim a fé de esposa e bastou o sopro de vossa mãe para apagar esse juramento. Ordene-vos ela amanhã que ameis a outro...
— Nunca!
— Haveis de obedecer-lhe, D. Leonor, disse Vital com amarga ironia, senão ela pode amaldiçoar-vos!.
— Não estou eu suplicando-vos que me mateis! exclamou a moça em um grito de desespero atirando-se de joelhos aos pés do cavalheiro.
Ergueu-a Vital Rebelo nos braços, e pousou-lhe um beijo casto na fronte: