Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/219

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Foi reconhecendo Lisardo, que a menina Belinhas soltara o grito de espanto, que afugentou da sala, como sombras que se evaporam, a Senhora Rosaura e o insigne Capitão Miguel Correia.

A. menina, porém, deixou-se ficar ainda que trêmula e perturbada. Apesar do susto, sentia uma vontade irresistível de saber o que desejava ali aquela tropa que tinha por um dos cabos o Lisardo.

Entrou na sala o Nuno, com um tremendo espalhafato guerreiro, de arrastado de espada, batido de esporas e roncarias de peito, puxando pelo braço o Lisardo que fazia o possível por desvencílhar-se da corriola.

— A Senhora Isabel Viana, ou a menina Belinhas, que no Parnaso é conhecida por Belisa, está presa à minha ordem por ter praticado certa ingratidão com o seu poeta e adorador aqui presente. E como tão bárbaro crime não há de ficar sem punição, vai a ré deste passo acompanhar o Senhor Lisardo de Albertim á primeira igreja, onde conjugará com ele o verbo matrimônio. Tenho dito.

Belinhas, que havia conhecido a voz do irmão, riu-se mau grado das garotices do rapaz; e consentiu, toda envergonhada, que ele pusesse na mão fria e trêmula do Lisardo a ponta de seus dedos mimosos. Pensava ela que tudo aquilo não