correspondido pela multidão, disse afinal o ouvidor:
— Está criada a vila de Santo Antônio do Recife!
Ai prorromperam os vivas e clamores festivos, subindo ao ar os fogos de artifício que se dispararam de vários pontos da cidade, e os repiques alegres dos sinos de todas as igrejas.
Passou-se a lavrar o auto da criação, e para esse fim arrumaram junto ao pelourinho uma banca onde veio aboletar-se a figura sempre esconsa e refolhada do Cosme Borralho. O Pisca-Pisca tocara a meta, obtendo por empenho da Senhora Rufina a serventia do ofício de tabelião do novo concelho.
Nessa qualidade fora chamado para fazer na cerimônia as vezes de escrivão da Câmara, enquanto se não elegia quem servisse o ofício. Já de todo livre dos efeitos do cansanção, o Cosme enfronhado em garnacha nova, trazia a cavalo na orelha direita uma pena de ganso com a rama tão garrida e matizada, que parecia uma bandeira.
Lavrado o auto, lido perante o povo e assinado pelos ministros, oficiais e gente principal, mandou o ouvidor apregoar a conselho chamando os vizinhos e moradores para a eleição dos juizes, vereadores, almotacés e mais oficiais da nova Câmara.