os tempos, mas principalmente naquela época, dividia as classes.
O que porém mais fomentou a rivalidade entre os povos de Recife e Olinda foi o espírito de bairrismo.
Os moradores da capitania descendiam na máxima parte de portugueses, ainda que já entrava aí grande mescla de sangue flamengo e outro de Europa, sem falar do indígena e africano. Tinham, porém, nascido ali, na terra americana, e consideravam-se herdeiros dessa pátria que seus maiores haviam reivindicado do holandês pelo heroísmo e intrepidez de suas armas.
Por isso chamavam-se eles pernambucanos, e àqueles que vinham do reino se estabelecer na colônia davam o nome de forasteiros, negando-lhes o foro de vizinhos e portanto o direito de tomar parte no governo da terra.
Com poucas exceções, eram os mercadores do Recife desses portugueses europeus, que deixavam a sua aldeia para tentarem a fortuna no novo mundo.
Já naqueles tempos, como nos de hoje, tinha a colônia portuguesa duas virtudes, a que deve a sua prosperidade, e são: a perseverança e a união, dotes de raça, que todavia por uma ignota razão desmerecem no solo brasileiro e não se transmitem à prole aqui nascida.