Saltar para o conteúdo

Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/32

Wikisource, a biblioteca livre

intento, cuidaram de se insinuar na governança da terra, esperando mais tarde com a popularidade de suas doblas e patacões, apossarem-se dos cargos principais da vereança.

Hoje em dia usa-se traficar à boca do cofre com os títulos e as comendas, naqueles tempos menos adiantados não se faziam as cousas com a simplicidade moderna. Os mercadores que juntavam grosso cabedal compravam os serviços de algum fidalgo rafado de quem se justificavam parentes com testemunhas quejandas às que ora servem para fazer moço fidalgo de quatro costados a qualquer beldroegas. Com essa papelada requeriam para Lisboa um hábito de Cristo em que se enfunavam tanto como os excelentíssimos de agora.

Assim besuntados dessa nobreza postiça, julgavam-se os mais ricos dos mascates idôneos para os cargos de oficiais da Câmara. Mas saíram-lhe os pernambucanos com embargos, pela razão de não serem naturais aos quais somente competia o governo das terras, não podendo nela ingerirem-se forasteiros que vinham de fora buscar fortuna.

Durou este pleito até l703 em que mandou El-Rei admitir aos pelouros todos os habitantes da cidade, sem diferença de naturais e vindiços, uma vez que estivessem nas condições da Ord. do liv. 1º, tit. 67, e Leis de 12 de novembro de 1611 e 6 de maio de 1649.

Triunfantes com a decisão