era a falsa fé com que o governador, adormecendo-os na confiança inspirada por palavras insinuantes, havia sorrateiramente obtido do conselho ultramarino a separação do Recife.
Em verdade era completa a segurança dos pernambucanos. Conversando o velho Capitão-Mor João Cavalcanti uma tarde em palácio com o governador, e trazendo a prática para o ponto que mais lhe interessava, teve em resposta estas formais palavras: -"Sobre este particular pode ficar descansado, senhor capitão-mor. O Recife, pelo que ouvi em Lisboa, tão cedo não será vila."
Estas palavras, referiu-as textualmente João Cavalcanti aquela mesma noite, no serão costumado, e ninguém houve que se não tranqüilizasse com o penhor dado por Sebastião de Castro ao venerando ancião. Não conheciam ainda a polpa do homem que os governava.
No meio do geral espanto, causado pela noticia, interrogavam-se todos acerca daquela promessa; e os principais acercavam-se do capitão-mor para ouvir dele os pormenores do caso e a repetição fiel da asseveração do governador.
Não ocorria ao velho fidalgo que pudesse alguém duvidar de sua palavra; mas incomodava-o a só idéia de haverem faltado à fé por ele assegurada. Além de que essa fé também lhe fora dada a ele