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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/41

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por quem se prezava de cavalheiro e como cavalheiro lhe devia contas severas.

Recobrando um assomo do antigo vigor, montou o capitão-mor a cavalo e sem mais acompanhamento do que um pajem, deitou-se a galope para o palácio do Recife onde estava o governador inquieto com o alvoroto de Olinda.

Nessas ocasiões em que se embrulhava a política, se não mente a crônica, o fígado de Sebastião de Castro, como o de César, sofria a repercussão do abalo moral; mas a bílis, prontamente corrigida, nunca perturbava a fleuma desse organismo.

Já àquela hora andava o Ajudante Negreiros num corrupio, despejando ordens pelos fortes e quartéis, enquanto o governador em conferência com o Secretário Barbosa de Lima combinava nos panos quentes e cataplasmas com que se devia acudir ao desmancho.

Pressuroso saiu Sebastião de Castro ao encontro do capitão-mor a quem recebeu com desusada afabilidade, mas com isso não desarmou a carranca do velho, que foi direito e rijo ao ponto.

Não podia o governador ocultar a parte que tivera na criação da vila, pois a carta régia se referia positivamente à sua informação; mas ainda quando houvessem omitido essa circunstância, não a negaria ele. Em sua opinião a mentira é