Caindo em si, o advogado reprimiu esse rasgo, como homem que já não permitia à sua palavra austera as flores da eloqüência:
— E eu a falar de mim, quando é de ti e do governador que me devo ocupar! Quer-te ele casado...
— Também entra nisso um plano? perguntou Rebelo gracejando.
— E o mais perigoso. Moço, rico, benquisto, brioso, ornado de prendas tão luzidas que o próprio Sebastião de Castro não as pode esconder, és um manjar de rei. Tua altivez já passa a escândalo e faz sombra em palácio. Neste momento não tem o governador com que fascine teu coração de namorado. Suas insígnias de capitão-general não valem para ti o requebro d'olhos e o sorriso de tua dama. Mas casado e com uma fidalga de Olinda, tu, mercador e filho de mercador, podes responder por tua isenção?
— Juro-te que sim; e se me conhecesses, não o duvidarias.
— Não te conhece ele, e por isso espera que tua mulher será a chave com que os Cavalcantis te abrirão a consciência e se apossarão dela até fazerem de ti uma criatura sua. Eis por que Sebastião de Castro se empenha por teu casamento.
— Tenho na melhor estimação o teu voto em tudo, mas neste ponto cuido que exageras a habilidade