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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/60

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Desde aquela tarde do cravo, cada vez que Rebelo queria avistar-se com a dama de seus pensamentos, custava-lhe isso, como dissera o governador, um assalto d'armas ou uma batalha campal.

Tinha ele mensageiros que o traziam informado dos passeios de Leonor, e o avisavam das ocasiões em que a mãe lhe consentia estar à janela, ou a levava fora, em passeio e visitas.

Então corria o mancebo a Olinda, se já ali não estava oculto em casa do alvissareiro, e acompanhado de dois acostados de sua confiança ia-se ao enconntro de Leonor, para cortejá-la com o respeito devido a uma rainha e significar-lhe com o gesto singelo da mão esquerda sobre o coração, que ela continuava a reinar ali como soberana.

As mais das vezes, antes de aproximar-se da donzela, tinha ele de romper através das espadas e adagas de André de Figueiredo e sua comitiva; outras tomava-os de surpresa, e era na retirada que se travava a peleja.

Nessa porfia andavam tão tribulados amores, quando a carta régia da criação da vila do Recife levou a palácio o capitão-mor, donde resultou a intervenção de Sebastião de Castro em favor dos dois amantes.

Bem que penhorado pela ação generosa do governador, não se deixou Rebelo afagar pela travessa esperança que lhe roçava o coração com as asas