o discreto Secretário Barbosa de Lima, e do que trovejava o farfalhudo Ajudante Negreiros, era corrente que não se movia uma palha na governação da capitania sem licença de Sebastião de Castro, o qual entendia com tudo, até com a ração da tropa e o bê-a-bá dos meninos na escola.
De volta de palácio, passou Vital por casa de Carlos de Enéia, para contar-lhe o malogro que ele em grande parte imputava ao amigo por havê-lo animado a esse passo, longe de o dissuadir.
— Disso que sucede agora, te preveni há tempos, mas não me quiseste crer.
— Entretanto ainda ontem me prometias que alguma cousa eu obteria de ir ao governador, replicou Vital surpreso.
— E avalias em pouco a lição que recebeste? Depois do que ouviste em palácio, já não duvidarás que Sebastião de Castro quando arranjou o teu casamento com Leonor, só teve em mira quebrar-te o orgulho, amarrando-te ao cepo de humilhação que te preparavam os parentes de tua mulher; porque tem como certo, que essa conspiração de alcova é obra insigne de nosso homem.
— Presumes isso? exclamou Vital tomado de igual suspeita.
— Ex ungula leonem; pela trama conheço a aranha que teceu a rede. Ele deu o fio e