do rei seu pae residira uo mosteiro de Sámanos, ou Samos como hoje se diz. é provAvel que AffoBso devesse a boa vontade do novo rei á influencia de sua tia a rainha Adosinda; e parece que viveu na corte até ao obito de Silo, succedido em 783.
N’esta conjunctura conseguiu Adosinda que fosse acclamado na curia regia o principe Affonso seu sobrinho; mas havendo um partido que lhe era contrario, não pôde o filho de Froila conservar-se na posse do sceptro, de que Mauregato, o escolhido dos descontentes, se apoderou, ao passo que Affouso leve de se acoutar em Alava, patria de sua mãe, clausurando-se Adosioda no convento de S. João de Pravia, de que era fundadora, o que aliás era costume das rainhas-viuvas, segundo o estabelecido no Concilio XIII de Toledo, tit. 5, citado por Florez (Reynas Cathol. T. I, p. 53).
Mauregato era filho natural de Affonso I, o Calholico, e de uma serva. Ao nome d’esse rei anda vinculada a bem conhecida lenda do tributo das cem donzellas, cuja origem não se deriva das fontes puras da historia contemporânea, sendo geralmente desacreditada pela critica moderna como invenção de tempos posteriores. O historiador Mariana não duvida, até, referir o pretendido tributo tanto ao rei Aurelio, como a Mauregato.
A proposito d’esta tradição, diz Alexandre Herculano: «A lenda acerca do tributo das donzellas pago por Aurelio e Mauregato aos sarracenos, a qual já se encontra em Lucas de Tuy (Hisp. Illustr. T. 4, p. 74) e em Rodrigo Ximenes (L. 4, c. 7) é, quanto a nós, um mytho tradicional, que symbolisa as lendencias de fusão nos fins do século viii, e a preponderancia transitória do mosarabismo» (Hist. de Portug. T. 3, .p. 181. not. 2, da 1.ª ediç.). Assim é, deveras, que a philosophia da historia deve encarar aquella noticia legendaria, assás antiga aliás para que se não rejeite com o desdem que merecem patranhas, com quanto se não possa acceitar como facto substancial.
Suspendemos aqui o nosso summario, por termos chegado ao momento historico em que se intercalam os dias do romance.